2007-09-17

Politikês

Há cerca de duas semanas, instada, em entrevista televisiva, a comentar a não colocação de 45.000 professores, a ministra da educação alegava, compungida, que tal facto se devia à diminuição da taxa de natalidade, à diminuição do número de alunos e à impossibilidade de dar trabalho a alegados "licenciados em ensino"(*), quando diminuia a população escolar e consequentemente o número de turmas.
Hoje, secundando o discurso triunfalista do primeiro ministro, a ministra da educação anuncia efusivamente, num telejornal perto de si, que o governo conseguiu milhares de novos alunos no ano lectivo passado, a que se juntam outros tantos milhares de novos alunos este ano.
Afinal em que ficamos? Que verdade quer a senhora ministra que oiçamos? Quando é que mentiu aos portugueses? Há quinze dias, tentando justificar o desemprego docente, ou hoje pintando um quadro triunfal das medidas de política educativa?
Será a este "politikês", directamente proporcional ao desinteresse que provoca nos portugueses, que temos que nos conformar,ou estaremos prontos para varrer a mentira e a demagogia para fora do arco do poder?

(*) Os "licenciados em ensino", a que a ministra se referia, são pessoas que em milhares de casos leccionam há vários anos (muitas vezes mais de dez anos), e são detentores de habilitação profissional, para além da respectiva habilitação académica.
Para que se compreenda melhor, um licenciado em medicina, ou um licenciado em direito, ou um licenciado em arquitectura (entre outros), têm que obter a habilitação profissional, através de um estágio regulado pela respectiva ordem, passando a deter o título de médico, advogado, ou arquitecto, após a aprovação no estágio.
Do mesmo modo, os licenciados em ensino têm que fazer um estágio profissional, tutelado pelo ministério da educação e pela instituição do ensino superior em que se licenciaram, passando a ter direito ao título de professor após a conclusão com sucesso desse estágio.

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