2007-12-26

A "Crise" da Escola

Num auto-elogio a que já há muito estamos habituados, o Ministério da Educação (ME) está convencido que depois da aprovação do novo Estatuto da Carreira Docente (ECD), a aprovação de um novo Regime Jurídico de Autonomia, Administração e Gestão dos Estabelecimentos Públicos
da Educação Pré-Escolar e dos Ensinos Básico e Secundário será a pedra de toque que permitirá resolver a "Crise da Escola".

No entanto, tanto o ME como a generalidade dos comentadores que têm acesso aos órgãos de informação não são capazes de esclarecer a que «Escola» se referem.
Porque a verdade é que quando falamos de «Escola», apesar de toda a gente pensar que nos referimos a uma mesma realidade, existem muitas «Escolas» diferentes.

Para quem apenas pensa a «Escola» pelos padrões que existiam antes da massificação do ensino, é urgente reconduzir as «unidades organizacionais educativas» ao caminho do "respeitinho" da "boa educação" e das "aprendizagens científicas".
O modelo de referência destas pessoas é o da escola que frequentaram quando crianças e jovens, que era uma escola frequentada por algumas elites sociais e da qual estavam excluídas a classes sociais menos influentes e com menor poder económico.

A "crise" de que falam, e que aflige toda esta gente, deriva do facto de que a «escola de elites» (o velho Liceu) não conseguir impor a reprodução de um modelo social, quando as suas portas se abrem para receber todas as crianças e não apenas as que são oriundas da classe média que aspira à mobilidade social ascendente.

Uma eventual solução para as dificuldades da escola pública passará sempre por entender e aceitar que não existe mais "uma Escola única", mas que o processo de educação, instrução e socialização das crianças e jovens passa pela possibilidade de adaptar escolas, currículos, programas e organização interna aos diferentes públicos que são servidos por cada escola. E isso não se compadece com a normalização que o ME e os respectivos Delegados Regionais continuarão a impor às "novas unidades organizacionais", se os directores de escola continuarem a depender hierarquicamente do DRE.

1 comentário:

renato gomes pereira disse...

estimado XS (xico santos):
a) As misericordias são o único bom exemplo de solidariedade social...As mutualistas também mas numa outra dimensão económica (exemplo máximo: montepio geral)...Quanto às outras são ipss de "carregar pela boca"...que se autonão financiam semos chorudos apoios estaduais que servem para pagar fartos vencimentos dos seus "cooperantes e funcionários" faltando quase tudo o mais para aqueles a quem realemte se destinam as Ipss, os velhinhos,os deficientes e as crianças..fundamentalmente as crianças...!!!Mas..felizmente existem algumas..muito poucas excepções...!!!
b) Mesmo nos estabelecimento de ensino problemáticos, quem são os lideres das associações de pais? Quem fecha a cadeado as escolas? Quem acusa injustamente ou ameaça os bons professores? O revanchismo e as oposições partidárias...esquerdoide ou de outra conotação pior que é a invejoide...
c) Quanto à massificação e nivelamento escolar...A culpa disso é dos engenheiros, economistas e contabilistas...foram eles que congeminaram este "mundo perfeito" em que vivemos..tecnoide e sem valores ou principios...Já reparaste que afastaram os Licenciados em Direito do ensino secundário? E um Licenciado em Medicina não tem sequer habilitação para leccionar no ensino secundário...Mas um tecnico de informática, um engenheiro, um contabilista, ou economista, podem leccionar quase tudo menos linguas, e história...
Os tecnocratas não largam o poder, pois se o fizerem percebe-se logo que são dispensaveis...

Num mundo em que tudo parece decidido,
ainda há espaço
para o exercício de um pensamento cidadão