2007-10-12

(A)normalidade do ministro

O ministro Rui Pereira, distinto penalista (que também rima com «socialista»), veio hoje informar o país que é perfeitamente normal que dois polícias entrem pela delegação de um sindicato dentro, levem documentos relacionados com uma acção de protesto agendada para o dia seguinte e ainda deixem um recado aos sindicalistas, usando para tal efeito uma funcionária, no sentido de estes terem algum recato na forma como pretendem vir a manifestar-se.

Para um governo que emerge de um partido que gosta de se considerar "o campeão das liberdades", esta normalidade não está nada mal vista.

Onde andam os anti-fascistas do PS que se fizeram condecorar como lutadores pelas liberdades? Esses mesmos militantes PS que se vangloriam de ter lutado contra o Estado Novo, mas também contra as "tentações totalitárias" do "prec", vão agora assobiar para o ar e não se vão insurgir contra este claro atentado contra a liberdade de expressão e contra o direito de manifestação?
Para o ministro Rui Pereira e pelos visto para o todo o PS e o seu governo, hoje é normal que a polícia leve documentos de um sindicato e "avise" os sindicalista que se devem "portar bem". Um dia destes ainda vamos descobrir que também acham bem que a polícia entre em casa de um qualquer cidadão para o avisar que não deve protestar contra a carestia da vida ou contra o desemprego. Talvez até venham a achar normal virem confiscar os computadores de cada adversário do partido no poder. E num exercício que se calhar não será tão distante da realidade como nós gostaríamos, ainda poderemos vir a assistir à censura dos blogues, evitando textos como este.

Sem comentários:

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ainda há espaço
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