2007-08-02

Natalidade e subsídios

Passeando pelos blogues, encontrei uma blasfémia que me reencaminhou para uma engraçada polémica sobre os subsídios à natalidade recentemente propostos pelo governo.
António Figueira, co-autor do cinco dias, atira-se que nem gato a bofe a João Miranda a propósito de uma crónica assinada no DN, considerando como disparates cómicos as opiniões deste cronista sobre a política de natalidade anunciada por José Sócrates.
Como até António Figueira reconhece que toda a gente tem direito à opinião sobre a coisa pública, também eu resolvi correr o risco e escrever o que penso sobre o assunto:
  • As famílias de mais baixos rendimentos não precisam de subsídios para incentivar a natalidade, uma vez que é nessas famílias que se verifica existir um maior número de filhos. Precisarão de apoio económico e social que lhes permita não olharem para as suas crianças como "fonte de rendimento", ao mesmo tempo que precisarão de uma escola inclusiva que não contribua para a perpetuação da pobreza dos seus filhos;
  • As famílias de rendimentos médios, que estão excluídas do subsídio ou terão acesso a pouco mais que "migalhas", são as que não têm descendência, ou quando muito têm um filho. Possuindo rendimentos que lhes permitem sobreviver, o que estas famílias precisam para darem um contributo à retoma demográfica é de apoio social - creches, jardins de infância e horários laborais -, que lhes permitam cuidar dos filhos sem deixar de trabalhar, podendo manter o mesmo nível de rendimento e evitando que caiam na situação de pobreza do grupo anterior;
  • Finalmente, um passo decisivo que permitiria uma recuperação e crescimento rápido do número de portugueses, seria uma política de acesso à nacionalidade mais expedita, com políticas inclusivas relativamente aos cidadãos estrangeiros que procuram o nosso país para aqui trabalhar e criar os seus filhos. Olhemos para a França, habitualmente rotulada de chauvinista, mas que apresenta taxas de crescimento demográfico notáveis graças aos franceses do magreb e de leste. Será que desta vez podemos seguir um bom exemplo?

Sem comentários:

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